sexta-feira, 23 de março de 2012

Análise do Poema "Quinto Império" de Fernando Pessoa

   A “Mensagem” de Fernando Pessoa é constituída por 3 partes, sendo elas, o “Brasão”, o “Mar Português” e “O Encoberto”. Dentro destas 3 partes, podemos verificar que a primeira parte, o “Brasão” esta dividido em 5 partes, “Os campos”, “Os Castelos”, “Quinas”, “A Coroa” e “O Timbre”, a segunda parte, “Mar Português” está dividida em 12 partes e a terceira parte, “O Encoberto” divide-se em 3 partes, que são:

  •  “Os Símbolos” que se divide em 5 poemas:

         a) D. Sebastião
         b) O Quinto Império
         c) O Desejado
         d) As Ilhas Afortunadas
         e) O Encoberto

  • “Os Avisos” que se divide em 3 poemas:

          a) O Bandarra
          b) António Vieira
          c) ‘Screvo meu livro à beira-mágoa

  • “Os Tempos” que se divide em 5 poemas:

         a) Noite
         b) Tormenta
         c) Calma
         d) Antemanhã
         e) Nevoeiro
   Dentro dos 5 poemas que envolvem a subparte “Os Símbolos” temos o poema “Quinto Império” pertence à terceira pate de “Mensagem” e que é assumidamente a mais messiânica e sebastianista.
   O poema “Quinto Império” é um poema que afirma uma filosofia sobre o homem e o viver.

Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!

   Na primeira estrofe o autor pretende mostrar que na vida o mais importante é o sonho e tenta mostrar-nos que sem o sonho, a vida torna-se triste e sem graça, mesmo que estejamos no sítio mais confortável e aconchegador do mundo, como a nossa casa, por exemplo. O autor nesta estrofe, usa o oximoro, “Triste de quem vive em casa/Contente com o seu lar” e “Triste de quem é feliz” e com isto vemos que o autor é um pouco contraditório nas suas expressões. O autor diz-nos também que o sonho é uma infelicidade pois o Homem sé vive maquinalmente e não para o sonho ou para os cometimentos.

Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz --
Ter por vida sepultura.

   Na segunda estrofe ele reforça a ideia com o verso “Triste de quem é feliz” e explica que quem é feliz limita-se a viver por viver, sem interesse e sem procurar outras formas de felicidade e vive a vida normalmente mesmo sendo dura enquanto dura. Ele mostra-nos que na própria essência material do homem está, desde a sua origem, a inevitabilidade da morte.

Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!

   Na terceira estrofe o autor mostra-nos que o tempo vai passando e que as coisas vão mudando, mas que o descontentamento do homem nunca muda e que isso o faz ser homem. E diz-nos também que as nossas forças estão na alma e nos nossos sonhos.

E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.

   Com a quarta estrofe Fernando Pessoa pretende mostrar que passado muito tempo, a Terra será palco e que tudo começou nas trevas da noite deserta.

Grécia, Roma, Cristandade,
Europa -- os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?

   Por fim na ultima estrofe autor escreve que Grécia, Roma, Cristandade e Europa são os impérios que ele pensava ajustarem-se ao sonho do rei assírio. E como é o ciclo de vida do Homem, nasce, envelhece e morre, desaparece, como tenta mostrar-nos com a estrofe “Para onde vai toda idade”.


 

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